domingo, 5 de dezembro de 2010

Cada dia, menos mas...

Quero dizer-te uma coisa simples: a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma; mas que não deixa, por isso, de deixar alguns sinais - um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhe tivessem roubado o tacto. São estas as formas do amor, podia dizer-te; e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade. Porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam presas numa refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim - e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói.

Nuno Júdice

4 comentários:

  1. Sôdade, sôdade... perde-se na tradução. Sente-se.
    Tanto.

    ResponderEliminar
  2. Adoro este tipo de escrita. Tão metafórica, tão complicada, com tanto significado....e este excerto tem significado, e muito!

    ResponderEliminar
  3. Não posso ler estas coisas... faz-me recordar o que já sofri.

    ResponderEliminar