sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

mais uma moedinha, mais uma voltinha

Estamos num mundo tão doentio e continuamos a dar para o peditório. Filmes? Séries? O que é que nos ensinou  a sôdona Carrie a não ser estourar dinheiro da renda em roupa, sapatos, cigarros e fornicar meia cidade? Que uma história de amor a sério é andar 10 anos atrás do mesmo homem ( on and off ), mesmo que ele nos ignore ou que nos encorne. Isso interessa? NÃO, porque tudo vale a pena no fim. Não importa quantas vezes somos pisados, traídos e esventrados. Nunca devemos desistir de ficar na linha de comboio à espera que ele nos passe por cima. Todas as psicoses e comportamentos à la serial killer são justificáveis. Quem vai à guerra, dá e leva. Mas nestes tempos, a lógica é levar muito. Ser a Madre Teresa do amor, dar a outra face e alombar até ficarmos inconscientes. Porque nos formataram que o amor verdadeiro é extremamente sofrido, cheio de obstáculos de meia-noite, explosões, troféus na cabeça, lingerie com pérolas e uivos loucos. Que só perdoando este mundo e o outro é que sabemos o que é realmente amar. Que não importa se magoamos outras pessoas pelo meio. Que nos podemos perder e desvirtuar totalmente daquilo que somos e queremos ser só para ficar com o outro.
Marramos que quem nos cagou em cima da cabeça é que é a pessoa da nossa vida e que, se calhar, é melhor irmos ter com ela e oferecer-lhe o papel higiénico para limpar o dito cujo. No entretanto, podemos cruzar-nos com pessoas normais, ainda sem grandes mazelas amorosas. E o que acontece? "Anda cá, vê se dá para tapar o buraco... oh porra, não dá. És mentalmente estável? Temos pena, vais deixar de ser depois disto." E há ali uma mutação, o vírus espalha-se e lá vai mais um aleijado de alma para o mundo. Numa comédia romântica, ninguém se lembra do que foi deixado no altar ou do que era um tipo porreiro. Esses não têm direito a happy ending ou pelo menos, vão ter de esperar pelo filme em que sejam eles os protagonistas. 

5 comentários:

  1. Quero muito acreditar que esse tipo dito "normal" vai resistir à infecção.
    Que haja espaço para haver um retrocesso do processo.
    E que, antes de aparecer na história o outro, o estável, se passe uma história essencial à coisa; que esse eu que se perdeu em dez anos se reencontre. E que dê por si a gostar do que vê. E a não deixar que nunca, nunca mais nenhuma relação com outra pessoa se sobreponha a isso.
    Olha para mim a dar conselhos. Nem sei, nem é meu lugar, nem quero. Só quero acreditar nisto, mais nada.
    ...
    Força *

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  2. Também eu quero acreditar que sim, mas tentam formatar-nos de outra maneira e daí a minha "revolta". Nós, por si só, valemos mais e não temos de nos validar com outra pessoa. Como a R.L do asinhas de frango escreveu, "Sim, devemos seguir em frente, pois o primeiro amor a não ser maltratado deve ser o amor-próprio."

    :)

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  3. Gostei TANTO deste post. E tens mesmo razão. Nós achamos sempre que o homem ideal é o que nos despreza. Temos outros à volta, prontos a amar-nos, mas parece que temos palinhas e não vemos nada à nossa volta, a não ser ele, ele, ele.

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  4. As pessoas têm de ser realistas... as coisas não acontecem como nos filmes.

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  5. Amei! esta mentalidade do "quanto mais me bates mais gosto de ti" é realmente triste, temos um gostinho masoquista de ser pisadas, traídas, desprezadas e desculpamos tudo com "ai mas eu gosto tanto dele, ele é o homem da minha vida!". mas o quê?? homem que faz isso a alguém não é o homem da vida de ninguém, e os filmes e séries e livros e afins põe-nos estas ideias estúpidas e descabidas na cabecinha. "coitadinho, ele vai mudar, ele no fundo ama-me só não o sabe é expressar", o tanas pá! a ideia do amor sofrido é overrated.

    epá, deu-me a revolta agora e despejei aqui.

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