terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tenho de abrir o armário, a ver se arejo os esqueletos.

Só ia realmente perceber a extensão dos estragos muito tempo depois. A surpresa é pouca, o cenário é caótico. Não saio de casa com armadura, mas os bolsos vão com pedras. Nunca se sabe quando vão ser precisas. Nunca se sabe se vou ter de magoar antes que me magoem. Não me posso distrair e ficar sem munições. Não é que não queira, mas não posso. É uma questão de sobrevivência. Eu ou tu. Já escolhi um outro tu e recordo-me demasiado bem para o meu bem. Nas palavras de uma vizinha, "começo agora a perceber o que significa fazer-me as vontades". E as vontades variam consoante o dia da semana, a música que ouço, o tempo, o copo que tenho na mão, a roupa que trago no corpo, o livro que leio, até mesmo o verniz.
E ando cansada desta carneirada  pseudo responsável, com um plano de vida traçado ao segundo e que, no fundo, são marionetas tristes. Antes cortar os fios e aprender a andar outra vez. Sem carris. Sem respostas politicamente correctas. Sem o que é suposto ser para quem estiver a ver. O que é suposto ser sou eu. Eu a dizer-te que sou uma besta descrente. Que comigo não te dês ao trabalho que vai ser pior. Que não tenho pretensão de encarnar nenhuma personagem, seja boa ou má, intrigante ou desajeitada. Que não estou aqui por mais ninguém do que por mim. Que vejo o que isto é. E só é se eu me quiser fazer a vontade, tarefa epicamente difícil. Ambos sabemos de onde vêm os golpes, a faca dorme debaixo da almofada. O cheiro do teu pescoço é que estragou tudo. Vai correr mal. Só não sei quando é que quero que corra mal. E ainda não decidi se isso é necessariamente mau.

13 comentários:

  1. Hum... muitas dúvidas nessa cabecinha... ou será nesse coração?

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  2. Cat, obrigado.

    S*, quando souber... aviso.

    Turtle, errr... obrigado? :P

    R.L., para o bom e para o mau. Já nem sei.

    Joana, :) *

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  3. Pah, J., vai uma gaja de equipamento de protecção individual posto e numa das voltas da vida, alguém vira a nossa do avesso. Daqui até correr mal, resta só aproveitar! :)
    (consegui fazer algum sentido?)

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  4. Nervosa, bastante sentido. Mas há o problema de rachar os cornos, ando bipolar a ver se sim ou não ;)

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  5. e que bom que é quando vejo que percebeste tão, tão bem o que quis dizer :)

    Nem te sei explicar como adorei ler isto. *

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  6. Nervosa, queres mesmo que me desgrace de vez! :P

    Anna Karina, obrigado eu pela tua frase que me fez remoer nas minhas ideias :) *

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  7. O melhor é seres tu mesmo, sem a coinciencia, mas sem seres inconsciente :p
    És aquilo que és, nao precisas de mascaras. Sobre as protecções, todos se calhar somos assim, precisa é de vir alguma especial que saiba, devagarinho, as tirar!
    beijinhos

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