Fiz uma licenciatura, mestrado, doutoramento, estágio profissional sobre o sexo oposto em particular. O mercado de trabalho ficou lixado e perdi o emprego. Descontei uma carrada de anos, mas sem direito a indemnização. No entanto, não sou gaja para desistir de me cultivar. Tendo em conta que a última vez que estive solteira foi em 1919 ( estava o azeite gallo a começar a cantar ), recomecei os estudos sobre o sexo oposto em geral e tenho muita matéria em atraso. Há novos organismos que me fazem coçar a mioleira e dizer que, no meu tempo, esta merda não era assim tão parva:
- Espécimes que parecem muito cool, são difíceis de identificar a olho nu ( matreiros, jogam um bocado à bola sem bola ), demoram 3h30 a atar ou desatar e depois estragam todo o cenário com pérolas deste género: "não se pode mostrar muito interesse, se não não ia acontecer nada."
Agora são donzelas distantes que precisam de ser cortejadas delicadamente? Se calhar, só se calhar, levam um chuto no cu e ala que se faz tarde que atrás vem gente ( no sentido literal e figurado ).
- Espécimes que, com alguns copos em cima, partilham o Top 5 dos defeitos que têm.
Nos tempos idos da minha juventude, os marmanjos tentavam era acentuar as maravilhosas qualidades que possuíam. Aparentemente, com a crise, agora anda tudo deprimido e o que é bom é caro então bora lá, publicitar os podres. Por exemplo: egoísta, egocêntrico e outros que se deixa de ouvir quando se começa a limpar os ouvidos com uma cotonete que andava perdida na pochete.
- Espécimes com pinta mas sensíveis: tudo quer dizer algo. Mesmo quando se cheira o sovaco a ver se o bedume está controlado pode significar que já não estamos a dar-lhes atenção e que vamos fugir com o Zé dos nabos.
"Afonso Maria! Afonso Maria! Os seus testículos foram encontrados perto do balcão. É favor dirigir-se ao mesmo para os reaver, sob pena de continuar o resto da noite a chorar enquanto se lembra que, quando era uma criança fofa, a mamã não vinha aconchegar o cobertor e isso lhe criou uma falta de confiança incrível cada vez que vê um par de mamas."
- Espécimes que acham que estão a controlar a situação e que ficam extremamente incomodados quando são confrontados com demonstrações da emancipação feminina.
Noutra dimensão, já se percebeu que macho que é macho, anda solto na Savana a caçar a gazela cheio de confiança e que quando lhe afinfa, ela está tão distraída que nem tem tempo para dizer "oh, onde me vim meter? Eu que estava à procura do amor verdadeiro, a querer sentir fadinhas e falar com árvores e agora fui surrupiada por este pecador, nem dei por ela. Chiça!" ( as gazelas são seres muito emocionais, puros, inocentes e gostam de ver a Floribela ). Santinhos... não, pá. Fiquem com essa ilusão mas se vos dizem na cara "não, quem está a abusar de ti sou eu", é boa altura para aceitarem que o coelho da páscoa não existe.
Conclusão preliminar: os homens estão cada vez mais mulheres. Andam uns coninhas por tudo e por nada. Graças às saladas enlatadas do Lidl, não tive contacto directo com todas estas variações mas tenho tido acesso aos apontamentos de colegas nesta faculdade que é a vida de solteira. Sim, o mundo está perdido. Não, não serão todos assim ( vou acender uma velinha aos crepes orientais do Lidl para me dar fé ). Há a probabilidade da pouca massa cinzenta que habita a minha tola estar a adoptar características dominantes de um homem rude da cidade, que diz palavrões, arrota e é céptico como o raio. Isto tudo, mas com umas pernas jeitosas e sedosas.