domingo, 16 de dezembro de 2012

Costumo dizer que faz mais sentido se nos conseguirmos encontrar a meio da ponte. Percorremos distâncias iguais, com dúvidas se as tábuas aguentam connosco e toda a bagagem invisível que pesa nos ombros e no peito. Não é uma corrida. Um até pode ser mais lento, desde que os passos sejam seguros e com a certeza que quer ir ao encontro do outro. E que o que o move é a esperança vã de que o dar a mão a quem chega ou espera vá tornar esta ponte estável.
Não te vou buscar ao teu lado, nunca fui. Percorri a minha metade e fiquei à espera, várias vezes. Creio que da primeira vez, foste tu quem esperou por mim. Era prudente e tu mais impulsivo. Com o tempo, deitei parte da bagagem pelo precipício. Não valia a pena e algum dia tinha de ser. Com tudo o que me podia cansar ou desmotivar ( e era muito ), endireitei os ombros e o peito. Tentei ser nova, para ti e para mim. Só uns arranhões aqui e ali porque, afinal, vivi e tenho marcas de guerra. Agora, essa ponte desfaz-se a olhos vistos. Tantas vezes paralisaste de medo e avancei um pouco para lá do meu limite para te fazer sentir seguro, dar-te a mão. Tantas vezes, cambaleaste e voltaste para trás. Ainda chamei, fiquei parada a ver-te ir e, lentamente, também recuei. Tantas vezes, neste instante, ouvi o meu nome e os teus passos atabalhoados ( que isto das pontes são coisas sensíveis ) para chegar outra vez a mim. Tantas vezes me desequilibrei para dar a volta e ir ao encontro das tuas mãos outra vez. Tantas vezes. Vezes a mais.
Dou por mim, em terra firme, a cortar o que sobra desta ponte. É isto ou cair no precipício.

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