segunda-feira, 25 de junho de 2012

Algures entre o Douro e o Campo Alegre.

Arranquei para sul, a fugir para a costa. No carro, sente-se o abafo reconfortante e típico do verão. Os vidros vão abertos, o meu cabelo está cheio de nós e começo a fazer a onda com o braço fora da janela. A sentir o vento e a rir-me com a resistência, como fazia quando era miúda. Como sempre faço quando estou feliz com a viagem. Perco-me a olhar as rectas sem fim, o cheiro a esteva sempre me trouxe de volta o Alentejo. Sorrio e entre o barulho do vento, o Seu Jorge canta "E aí a gente vai passear. E aí a gente vai namorar. E depois... E depois...". Rumo a um bronzeado na cara que me faz parecer uma moçoila do campo, ao sal na pele e à pressa de não voltar a casa. 
Lá trás vai a mala, com os vestidos que parecem cortinados. Porra, esqueço-me sempre de comprar bongos. Sabem-me bem, lembram tempos felizes e despreocupados. Agrada-me este ir sem grandes planos. Neste momento, tudo é um não saber como vai ser. Não penso mais nisso. Logo conto assistir ao final do dia com os pés na areia, a olhar para o mar e dar comigo a pensar "o que raio vai ser o jantar?". Vou cair na cama e dormir como uma criança, estender-me à estrela do mar. Nunca fui muito feminina nas lides do sono, não vou começar agora.

Podia acabar de me rir à estúpida enquanto faço a onda com o braço fora da janela e ter-te ali com o sorriso tímido e os teus olhos azuis. Podia, finalmente, mostrar-te o cheiro a esteva. Podia tirar-te o sal da pele. Podia ouvir-te a gozar com os meus vestidos. Podia ir comprar bongos para nós. Podia cair estafada na cama, contigo ao meu lado. Podia, mas não acho que seja o melhor. Tudo é um não saber como vai ser e acho que, por agora, isso é exactamente o que preciso.

2 comentários:

  1. É no meio da imprevisibilidade da vida que nos descobrimos. Aproveita, vai sair daí renovada! :)

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