sábado, 15 de fevereiro de 2014

And then you came along

"There’s a look—just a look—that some men know how to give a woman. You can’t find the definition in the dictionary. But it’s there. You’ll know when you see it—or hear it—or close your eyes and breathe in the scent of it."

- Alyson Tyler

Ainda não tenho palavras minhas para falar de ti.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

"Muda o teu mundo, eu mudei o meu"

Não escrevo há muito tempo, mas agora sinto a necessidade de pôr um ponto final a histórias que aqui contei. Tu és uma delas: com muitos capítulos escritos aos soluços, com rabiscos e folhas rasgadas de repente e depois remendadas com toda a minúcia, na esperança pateta de ter uma página imaculada de novo. Não mudava nada. Minto, mudava qualquer coisinha para favorecer o meu orgulho se fosse uma questão de bater palmas e pronto. Como não é, não mudava nada. 
Agradeço, agora,  por me teres esgotado ao ponto de ser obrigada a olhar para mim. A não conseguir fugir do que andava a evitar - a sensação imensa de subfelicidade, de um contentamento aparente com migalhas. Há um tempo para acontecer, para passar do que poderíamos ser para o que somos. Ficamos nesse limbo, comigo suspensa na promessa que um dia ias olhar-me e querer ver-me, em vez de ver o teu reflexo em mim. 
Disse-te que, quando menos esperasses, perdias-me. Acordavas e não ia estar ao teu lado. Sem explicação, sem aviso. Essas razões não são previsíveis ou discutíveis, agora que pedes palavras. Agora que me pedes, mais uma vez, que não me dê uma oportunidade a mim para ta dar a ti. Agora sou eu quem doseia palavras e te pede uma última coisa: deixa-me ir. Levo comigo tudo o que aprendi e me deste. Deitei fora alguns dos momentos menos bonitos, tenho de escolher bem o que guardo e escolho ficar com o que me faz querer-te bem. Não já por nós, mas por ti. Por mim. Sem qualquer esperança pateta. Com a folha rasgada, amarfanhada nas minhas mãos e um sorriso. 

Deixa-me ir.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Interrompo o silêncio porque me apetece e há coisas que valem a pena relembrar.

O que mais dói não é – desengana-te – a infelicidade. A infelicidade dói. Magoa. Martiriza. É intensa; faz gritar, sofrer, saltar, chorar. Mas a infelicidade não é o que mais dói. A infelicidade é infeliz – mas não é o que mais dói. 

 O que mais dói é a subfelicidade. A felicidade mais ou menos, a felicidade que não se faz felicidade, que fica sempre a meio de se ser. A quase felicidade. A subfelicidade não magoa – vai magoando; a subfelicidade não martiriza – vai martirizando. Não é intensa – mas é imensa; faz gritar, sofrer, saltar, chorar – mas em silêncio, em surdina, em anonimato. Como se não fosse. Mas é: a subfelicidade é. A subfelicidade faz-te ficar refém do que tens – mas nem assim te impede de te sentires apeado do que não tens e gostarias de ter. Do que está ali, sempre ali, sempre à mão de semear – e que, mesmo assim, nunca consegues tocar. A subfelicidade é o piso -1 da felicidade. E não há elevador algum que te leve a subir de piso. Tens de ser tu a pegar nas tuas perninhas e a subir as escadas. Anda daí. 

 Sair da subfelicidade é um drama. Um pesadelo. Sair da subfelicidade é mais difícil do que sair da infelicidade. Para sair da infelicidade, toda a gente sabe – tu mesmo o sabes: tens de tomar medidas drásticas. Medidas radicais. Porque a infelicidade é, também ela, radical. Mas sair da subfelicidade é uma batalha interior muito mais dolorosa. Desde logo, porque não sabes se queres, mesmo, sair da subfelicidade. Porque é na subfelicidade que consegues ter a certeza de que evitas a desilusão – terás, no máximo, a subdesilusão; porque é na subfelicidade que consegues ter a certeza de que evitas a perda – terás, no máximo, a subperda. Estás a ficar perdido com o que te digo? 

A subfelicidade é o produto mais diabólico que a humanidade criou. Formatado pela consciência, o homem assimilou um conceito que, na verdade, não existe: o da felicidade segura. Espero que estejas bem seguro nessa cadeira quando leres o que aí vem no próximo parágrafo. 

 A felicidade segura não existe. A felicidade segura é segura, sim – mas não é felicidade. A felicidade pacífica é pacífica, sim – mas não é felicidade. A felicidade, quando é felicidade, assolapa, euforiza, arrebata. E não deixa respirar, e não deixa sequer pensar. A felicidade, quando é felicidade, é só felicidade. E tudo o que existe, quando existe felicidade, é a felicidade. Só ela e tu. Ela em ti. Ela em todo o tu. A felicidade, para ser felicidade, não tem estratos, não tem razão. Ou é ou não é. A felicidade é animal, de facto – mas é ainda mais demencial. Deixa-te louco de felicidade, maluco de alegria, passado dos cornos. Só quando estás dentro da felicidade é que estás fora de ti. Liberto do corpo, da matéria, da sensação – e imerso naquela indizível comunhão. Tu e a felicidade. Já a sentiste, não? 

 Não há como dizer de outra maneira: se estás acomodado à subfelicidade, se tens medo de ser feliz e preferes a certeza de seres subfeliz: és um triste de todo o tamanho. A subfelicidade é uma tristeza. Uma tristeza de hábitos, de rotinas, de sorrisos – uma tristeza que inibe a surpresa, o imprevisível, a gargalhada. Uma tristeza que te faz refém do que fazes e te impede de te seres o que és. Olha em redor: a toda a volta há pessoas subfelizes, pessoas que dizem “vai-se andando”, pessoas que dizem “tem de ser”, pessoas que dizem “eu até gosto dele”, pessoas que dizem “sou feliz” com os olhos cheios de “queria ser feliz”, pessoas que dizem “é a vida”. Mas não é. A vida não é a quase felicidade. A vida não é a subfelicidade. E, se é a primeira vez que vês isso, fica entendido o que sentes. Ou subentendido, pelo menos.

- Pedro Chagas Freitas