Talvez fique mal começar logo por dizer que não sei a quantas ando, mas não é de todo mentira. Já há algum tempo que assim é. Vou lidando melhor ou pior, consoante os dias e as pessoas que me rodeiam. Sempre me habituei a tomar mais conta dos outros do que de mim, não é de agora. Mas confesso que sinto um profundo cansaço em carregar ( não que não o faça por opção e gosto ) o dos outros, agora que o meu ameaça tirar-me as forças. Não consigo dar muito mais, sem receber ( exactamente ) o que preciso. Não te posso pedir que saibas o que não te digo, mas não consigo deixar de te culpar por seres mais um que consigo ler e dar sem que tenhas de pedir. Mais um. Nunca me chegou ninguém disposto a olhar um pouco mais de perto e fazer o mesmo por mim. Ou talvez já tenha acontecido, mas lá se cansou com esta minha faceta independente. Noto o padrão, o apontarem-me essa característica como sendo um pequeno defeito disfarçado de qualidade. Mea culpa, eu sei.
Já não sei se é o cansaço a falar, se é a falta de paciência e tolerância. Sei que não quero ficar amorfa nem viver a meio gás, não quero uma paz podre. Prefiro manter a insanidade e saber que me esmurrei, porque era melhor do que ficar ilesa.
E neste momento, sinto-me um pouco amputada da alma. Não ajuda termos cicatrizes de guerra, o medo é mais que muito e a espontaneidade tem o risco imenso da vulnerabilidade. Há mais a perder, tanto mais a perder porque já sabemos como é apostar tudo e ficar sem nada.
Não sei se somos nenúfares, se isto é só o normal de um pós-guerra emocional. Não sei grande coisa. Mas dou por mim a gostar dos teus olhos azuis e eu que sempre disse que não me apanhariam olhos claros.